A poesia da mulher morta

Não quero flores.

Usei minha pele.
 Pele de mulher morta na capa do livro.  


Não quero flores coitadas.

Eles vão usar os meus olhos castanhos.
Eu sei.

Não usei os meus olhos castanhos:
a ausência dos teus olhos míopes
o aquário nas poças
o  céu não estrela.

Soledade.

Soledade.

Ontem, o mar e o nevoeiro
sobre as minhas pernas
cheias de escamas.

O meu vestido azul - quimera:
rodopios de azul

de água e de escamas
de gastura e de pranto.

 Imersos na boca salgada. 

O velho lambe e cura.
O velho lambe e afoga.